domingo, 29 de novembro de 2015

Um Olhar Juvenil sobre a Cultura

Eu estava ajudando a minha prima a fazer um trabalho da faculdade. Ela me incumbiu de ler quinze folhas para responder uma questão, sendo que a resposta de tal questão devia ter pelo menos duas páginas. Pensei: “Tenho quinze folhas para transformar em duas, isso vai ser fácil”.
Estava completamente enganado. Como diria meu irmão:
— Você foi juvenil, Neto.
E realmente fui. A questão me pedia o valor sociocultural da Cidade Velha na preservação histórica de Belém. A Cidade Velha é o bairro mais antigo de Belém, recheado de casas coloniais ao maior estilo português. Eu poderia muito bem ter respondido aquilo em dois ou três parágrafos, mas duas folhas? Duas?! Foi um desafio.

Exemplo de casas na Cidade Velha
Falei dos pontos turísticos do lugar, da herança lusitana na arquitetura e até da Baía do Guarujá, ressaltando a importância do rio no transporte. Ainda assim, só havia concluído uma página e um parágrafo. Entrei em desespero.
Não que eu não goste de história, longe disso. Eu adorava a matéria na escola, por vezes me pego no Wikipédia lendo a história de outros países e impérios apenas por curiosidade pelas culturas antigas. Só que dissertar um assunto que você não domina é complicado. E devo frisar que as quinze páginas de apoio que minha prima me deu falavam mais de um monumento histórico da Cidade Velha do que do próprio bairro em si.
Com bastante esforço, só não sei se com a qualidade devida, completei as duas páginas. Soltei um sonoro:
— Ufa.
Mas eu decidi que precisava findar o texto com uma frase sobre cultura. Procurei na internet se algum famoso havia falado algo que eu queria para poder citá-lo, mas não achei nada que se adequasse aos texto. Então decidi que eu devia fazer a frase.
Pensei de imediato:
Cultura é evolução
Só que eu falava de preservação cultural no texto e quando eu lia “evolução”, me vinha a ideia de que a cultura antiga devia ser deixada para trás. Afinal, se cultura é evolução a nova cultura é consequentemente melhor que a antiga. Não era essa a ideia que queria passar com o texto. Eu queria expor a importância de se manter as tradições antigas.
Então decidi colocar “preservação” no meio e emendei com outra coisa que veio na cabeça:
Cultura é evolução, mas também é preservação do que é e do que foi importante.
 Inicialmente eu gostei. Afinal, eu adoro a época em que eu vivo. A cultura atual tem suas grandes vantagens e acredito, que apesar dos pesares, é uma época boa de se viver. Então, a evolução da cultura é boa.
No entanto, eu também gosto de vivenciar a cultura de nossas antepassados e ver tudo que eles construíram. Não é segredo para ninguém de que sou fascinado pela época medieval com seus majestosos castelos, reinados e feudos.
Visto isso, eu decidi modificar a frase. Pois o termo “mas” fazia com que a evolução e a preservação da cultura se opusessem, quase como se um excluísse o outro. E, como já deu para notar, eu não penso que a cultura seja um ou outro, por mais que os termos “evolução” e “preservação”, num olhar mais profundado, sejam contraditórios.
E assim ficou a frase:
Cultura é evolução e também é preservação do que é e do que foi importante.
Sim, como essa simples mudança a frase ficou perfeito aos meus olhos. Ela resume e expressa tudo o que eu penso.
Bem, esse é o meu olhar juvenil sobre cultura. Porquê juvenil? Eu não sou doutor em nenhuma ciência, nem escrevo nada parecido com a tese que li hoje, por isso acredito que meu olhar seja simples, talvez ingênuo demais, por isso, juvenil.
— Ei, Neto! — disse a raposa vermelho no canto do meu quarto.
— O que foi, Pyong? — olho de soslaio.
— “Vamo mostrar cultura pra esse povo?”
Ele mostra o vídeo no celular:


— Top nos falsete, não, Neto?

— Eu mereço... -.-'