Recentemente, terminei de jogar o jogo Outer Wilds. Um jogo indie de exploração espacial. Nele, finalmente ganhamos a licença de pilotar uma nave afim de viajar pelos planetas daquele sistema solar. O problema é, o sistema solar está morrendo, o sol está explodindo e levando tudo, exatos 22 minutos depois que decolamos. Depois de morremos, voltamos para o momento que ganhamos nossa licença. Presos nesse loop temporal de 22 minutos, no melhor estilo do filme Feitiço do Tempo.
Porque estamos presos naquele loop? Porque o sol está
explodindo? Existe uma chance de salvar o sistema solar? Essas são umas das
várias perguntas que o jogo faz a gente ter. Existe vários planetas para
explorar e a sensação de medo, solidão e curiosidade é persistente durante toda
jornada. Não posso falar muito mais do jogo, porque a experiência que Outer
Wilds entrega brilha justamente no fato da pessoa não saber nada, de ir
descobrir sobre o universo e as pessoas pouco a pouco e por si mesma.
Li alguém falando nos comentários do Youtube que Outer Wilds
é o melhor do qual você não pode falar sobre. E um outro ainda que dizia que o
jogo é a prova de que videogames são obras de artes, porque só um videogame
poderia dar toda interatividade e imersão que o Outer Wilds dava. E eu lia
aqueles comentários de maneira feliz, percebendo finalmente que eu queria mais
do jogo, queria viver tudo aquilo de novo, queria continuar explorando, mas...
Eu não podia. Eu não ia conseguir.
Pelo menos, não com todas as surpresas, arrepios e choros da
primeira vez.
A primeira e única vez daqueles sentimentos, estariam
marcados para sempre em mim. Apesar disso, eles nunca mais brilhariam do mesmo
jeito. E fiquei de luto por isso.
Sabe aquele mesmo luto de quando você termina um bom livro?
Ou aquele filme incrível que num instante virou seu preferido? Exato.
Foi aí que fiquei pensando. Quantas primeiras e únicas vezes
eu queria ter de novo? Queria esquecer todo anime de Death Note e assistir de
novo, só para achar tudo genial como na primeira vez. Queria esquecer
Vingadores Ultimato só para me arrepiar todo ao ver os vingadores e o mundo se
juntando contra Thanos.
Costumo ter dificuldades para dormir cedo e brinco que
gostaria de ter um botão que me fizesse dormir num piscar de olhos. Eu gostaria
também de ter um botão que apagasse memórias, que deixasse aquele filme, aquele
jogo, aquele livro ser apagado da mente, só para poder viver ele de novo.
Mas enfim... só estou sendo uma criança birrenta, triste e
enlutada depois de ver seu brinquedo preferido ser levado pelo vento.
Talvez o fato dessas experiências serem as primeiras e
únicas é que tornem elas tão especiais. E eu talvez agora eu só esteja me
conformando que elas nunca vão acontecer mais de novo. Embora pareça que eu
estou terminando esse post triste, eu estou realmente grato por ter dito essa
primeira e única vez.