Eu estava ajudando a minha prima a fazer um trabalho da
faculdade. Ela me incumbiu de ler quinze folhas para responder uma questão,
sendo que a resposta de tal questão devia ter pelo menos duas páginas. Pensei: “Tenho
quinze folhas para transformar em duas, isso vai ser fácil”.
Estava completamente enganado. Como diria meu irmão:
— Você foi juvenil, Neto.
E realmente fui. A questão me pedia o valor sociocultural da Cidade Velha na preservação histórica de Belém. A Cidade Velha é o bairro mais antigo de Belém, recheado de casas coloniais ao maior estilo português. Eu poderia muito bem ter respondido aquilo em dois ou três parágrafos, mas duas folhas? Duas?! Foi um desafio.
E realmente fui. A questão me pedia o valor sociocultural da Cidade Velha na preservação histórica de Belém. A Cidade Velha é o bairro mais antigo de Belém, recheado de casas coloniais ao maior estilo português. Eu poderia muito bem ter respondido aquilo em dois ou três parágrafos, mas duas folhas? Duas?! Foi um desafio.
Exemplo de casas na Cidade Velha |
Falei dos pontos turísticos do lugar, da herança lusitana na
arquitetura e até da Baía do Guarujá, ressaltando a importância do rio no
transporte. Ainda assim, só havia concluído uma página e um parágrafo. Entrei
em desespero.
Não que eu não goste de história, longe disso. Eu adorava a
matéria na escola, por vezes me pego no Wikipédia lendo a história de outros
países e impérios apenas por curiosidade pelas culturas antigas. Só que dissertar
um assunto que você não domina é complicado. E devo frisar que as quinze
páginas de apoio que minha prima me deu falavam mais de um monumento histórico
da Cidade Velha do que do próprio bairro em si.
Com bastante esforço, só não sei se com a qualidade devida,
completei as duas páginas. Soltei um sonoro:
— Ufa.
Mas eu decidi que precisava findar o texto com uma frase
sobre cultura. Procurei na internet se algum famoso havia falado algo que eu
queria para poder citá-lo, mas não achei nada que se adequasse aos texto. Então
decidi que eu devia fazer a frase.
Pensei de imediato:
Cultura é evolução
Só que eu falava de preservação cultural no texto e quando
eu lia “evolução”, me vinha a ideia de que a cultura antiga devia ser deixada
para trás. Afinal, se cultura é evolução a nova cultura é consequentemente
melhor que a antiga. Não era essa a ideia que queria passar com o texto. Eu
queria expor a importância de se manter as tradições antigas.
Então decidi colocar “preservação” no meio e emendei com
outra coisa que veio na cabeça:
Cultura é evolução, mas também é preservação do que é e do que foi importante.
Inicialmente eu
gostei. Afinal, eu adoro a época em que eu vivo. A cultura atual tem suas
grandes vantagens e acredito, que apesar dos pesares, é uma época boa de se
viver. Então, a evolução da cultura é boa.
No entanto, eu também gosto de vivenciar a cultura de nossas
antepassados e ver tudo que eles construíram. Não é segredo para ninguém de que
sou fascinado pela época medieval com seus majestosos castelos, reinados e
feudos.
Visto isso, eu decidi modificar a frase. Pois o termo “mas”
fazia com que a evolução e a preservação da cultura se opusessem, quase como se
um excluísse o outro. E, como já deu para notar, eu não penso que a cultura
seja um ou outro, por mais que os termos “evolução” e “preservação”, num olhar
mais profundado, sejam contraditórios.
E assim ficou a frase:
Cultura é evolução e também é preservação do que é e do que foi importante.
Sim, como essa simples mudança a frase ficou perfeito aos
meus olhos. Ela resume e expressa tudo o que eu penso.
Bem, esse é o meu olhar juvenil sobre cultura. Porquê
juvenil? Eu não sou doutor em nenhuma ciência, nem escrevo nada parecido com a
tese que li hoje, por isso acredito que meu olhar seja simples, talvez ingênuo
demais, por isso, juvenil.
— Ei, Neto! — disse a raposa vermelho no canto do meu
quarto.
— O que foi, Pyong? — olho de soslaio.
— “Vamo mostrar cultura pra esse povo?”
Ele mostra o vídeo no celular:
— Eu mereço... -.-'
Você tem potencial.
ResponderExcluirSuga em frente.
Você tem potencial.
ResponderExcluirSuga em frente.