quinta-feira, 16 de junho de 2011

Encanto Com Um Conto?!

Ultimamente andei lendo na internet que um bom escritor precisa praticar sua escrita! E realmente fiquei confuso, pois eu não sou de fazer isso, só escrevo mesmo quando estou com vontade! Mas lendo e analisando, falavam que isso é bom para expandir tanto o vocabulário como a criatividade do escritor.
A nível de informação, eu li sobre no site "Aprendiz de Escritor", não sei o link no momento, mas irei pesquisar e compartilhar com vocês.
Visto isso, eu resolvi criar um pequeno conto para treinar a escrita! Primeiramente tentei escrever um conto sobre futebol ontem, mas não deu muito certo e eu não gostei nada do que escrevi, travei geral numa parte, aí desistir.
Mas hoje, como não fui para escola por motivos de saúde, tentei escrever um novo conto e saiu! Meu objetivo principal com ele era treinar o drama, o impacto que eu estou causando no leitor. Então o comentário de vocês é essencial! Aí está, boa leitura!
E que assim seja!



As Planícies da Esperança

As planícies Valverde eram bastante apreciadas para campos de recreação. Os fortes ventos que vinham do leste, de acordo com os boatos, tinham o poder de limpar a alma. A sensação vivida ali era muita das vezes caracterizada como divina, lhe conferindo o título de “Céu Terrestre”. A relva verde era tão macia ao ponto de fazer o mais estressado dos homens deitar e querer se deliciar em meios aos seus sonhos, prazeres surreais que não passavam de fantasia. Por conta desse detalhe também, muitas vezes era tratada como “As Planícies dos Sonhos”.
E lá, em meio à relva, jazia uma garotinha morena com um olhar distante. Sua atenção era completamente tomada pelas alvas nuvens que percorriam o céu. A garotinha se perguntava como seria ser uma nuvem? Como seria voar pela eternidade sem ter sequer um rumo?
Ela não sabia as respostas, é claro. Mas imaginava que devesse ser uma atividade um tanto que chata. Todavia, ser uma nuvem devia ser sinônimo de estar mais perto do Papai do Céu, como sua mãe lhe ensinara.
Naquele exato momento uma lágrima percorreu as bochechas rosadas da mocinha. Fazia esforço para engolir seu choro, pois sua mãe tinha lhe dito que chorar deixava as pessoas feias. No entanto, não acreditava em tal crença já que todas as noites sua mãe despencava em prantos agonizantes e continuava tão bela como um anjo.
Sentia saudade de sua querida mãe, como sentia. Ter o calor de seu abraço, o seu gentil beijo na testa e suas doces palavras que por mais difícil e dolorosa que fosse a vida, continuavam lhe dizendo “Eu te amo”.
Nada como o inexplicável amor materno.
Enquanto chorava a garota reprimiu seus pensamentos a pensar na hipótese que seu pai era culpado de tudo aquilo. Pois não era. Ele não foi culpado de ser recrutado para a guerra e morrer em nome da pátria. Sim, a menina sabia disso, havia visto a sua mãe ler a carta do governo, havia visto pela primeira vez sua mãe chorar. Em suma, havia visto a causa do eterno choro da sua mãe, já que seu único e verdadeiro amor não pertencia mais a esse mundo.
A garotinha chorava de raiva. Não tinha muitas lembranças do seu amado pai, o homem que sua mãe falava tão bem. Uma vaga memória que vinha a sua cabeça, era um sorriso sincero de um homem alto e bonito, o qual com certeza devia ser seu pai.
Apesar de ser tão pequena aquela mocinha tinha um pensamento maduro. Não queria se alimentar de lembranças, sabia que elas não trariam seus pais de volta. Fugira do orfanato até ali justamente por causa dos boatos que ouvira. As planícies Valverde, As Planícies dos Sonhos, iriam deixa-la feliz.
Acreditava piamente nisso. Queria dormir ali, entrar em um profundo sono e sonhar. Sonhar eternamente. Queria fugir daquela realidade que a torturava, queria a paz e felicidade.
Respirou fundo e cerrou seus olhos, como se para dormir precisasse de grande esforço. Então esperou, esperou e esperou.
- O que tá fazendo?
A menina se espantou ao abrir os olhos e notar um garoto de cabelos loiros sentado do seu lado.
- É tu que é a Anabele? – ele tinha um ar curioso. – Sabia que todos no orfanato tão te procurando?
A garota nada disse.
- Porque tá chorando? – o menino passou a mão na bochecha dela para limpar os vestígios das lágrimas.
Ela permaneceu calada.
- Fala comigo. Eu me chamo Sieg, lá do orfanato.
- Sieg? – ela se pronunciou.
- Isso mesmo! – ele sorriu vendo que a mesma respondeu.
- Nome estranho.
- Não é nada! – ele ficou emburrado. – Significa vitória! Meus pais que disseram. Colocaram esse nome em mim, porque falaram que eu vou ser vitorioso em tudo que eu fazer.
Os olhos de Anabele encheram de lágrimas novamente ao se lembrar dos seus pais.
- Não chora... – Sieg tinha uma voz melosa, quando de repente seus olhos encheram de lágrima também. – Não chora! Se não eu choro também!
A menina se espantou ao ver a atitude do seu colega, mas não adiantava mais porque as lágrimas já rolavam pelo seu rosto.
- Poxa, Anabele... não chora. – o menino começou a lagrimar do nada também. – Nós dois estamos na mesma situação... não temos pais... mas temos que ser fortes!
- Você não sabe nada de mim! – ela gritou.
O garoto agarrou a mão dela ainda chorando, mas encarando seus olhos.
- Perdemos os pais na guerra, nossas mães ou morreram ou não tem como nos sustentar e nós vivemos chorando quando nos lembramos deles! Eu sei o que você tá passando, sim!
Anabele mordia seu lábio tentando segurar as lágrimas que agora queriam jorrar de seus olhos. Mas Sieg ainda insultado com o grito da colega, continuou:
- Acha que eu também não choro com saudades?! Ou que não choro querendo ser feliz?! Eu queria poder sonhar, Anabele! Não queria ter só pesadelos! – Sieg se entregou aos prantos. – Mas pra mim, os únicos sonham que me confortam são as lembranças dos meus pais!
- “Eu te amo”. – ela também apertou a mão do garoto. – Minha mãe sempre falava isso pra mim... eu sinto saudade disso...
- Minha mãe também... – Sieg esfregrava seus olhos, mas detê-los em meio de tanta emoção era inútil. – Eu sempre falo isso pra parede antes de ir dormir, esperando ela me responder...
Os dois soluçavam muito, pareciam dois bebês em busca do seio maternal. Na verdade, era isso que eles queriam, só queriam o amor que fora arrancado deles sem aviso prévio. Queriam se sentir amados novamente, queriam o conforto de outrora, que hoje não passava de agonia.
Pobres crianças em que cedo sentiram a dor da perda.
Sieg mesmo aos prantos se viu na obrigação de abraçar sua colega naquele momento. Pois seu pai antes de sair para a guerra, disse a ele que era dever de um homem cuidar de uma linda donzela para assim caminhar para vitória com ela junto ao seu lado. O menino ficou confuso por aquele pensamento vir à tona de repente, mas teve uma ideia.
Levantou-se puxando a mão da sua colega para a mesma se erguer e em súbito esforço para engolir o choro, disse:
- Nós temos que ser fortes, Anabele. Fortes pelos nossos pais.
Ela apenas consentiu, segurando o choro também.
- Vamos fazer uma promessa. – ele fitou os olhos da garota.
- Tá...
- Toda noite antes de ir dormir eu vou dizer que te amo! Mas você também vai ter que dizer que me ama!
A menina ficou meio receosa.
- Juntos seremos fortes. Só se tivermos juntos alcançaremos a vitória. – Sieg sorriu.
Então finalmente ela entendeu os sentimentos de seu colega e naquele momento não precisava ele dizer mais nada. Aquele sorriso sincero, aquele sorriso de suas lembranças, muito parecido com o do seu pai, lhe deu esperanças.
- Prometo. – a menina assentiu, apertando a mão do garoto.
As lágrimas que tomavam os rostos deles sucumbiram. Dando lugar a sorrisos. Os quais demonstravam esperança.
Anabele não entendia muito bem como agora conseguia sentir alguma esperança, talvez fora pela repentina aparição de Sieg, mas não sabia ao certo. De qualquer forma, gostou e aceitou aquilo. Afinal era como a pequena história que sua mãe lhe contava antes de ir dormir, a famosa história dos Três Mosqueteiros e sua inesquecível frase “Um por todos e todos por um”.
- Vamos para o orfanato, já está prestes a anoitecer.
A garota correu de mãos dadas com seu novo amigo para o orfanato. Sieg sentia que tinha plantado a esperança no coração de Anabele e agora era seu dever guia-la para a vitória.
- Eu te amo, Ana! – ele a chamou da forma carinhosa que só a mãe dela sabia, fazendo a garota corar.
Ela não entendeu muito bem aquela nova sensação, mas sentia que era o que falta para preencher o vazio das vidas deles. Já que a partir desse dia estariam juntos, ajudando um ao outro. Por isso respondeu com um novo e inabalável sorriso:
- Eu te amo também, Sieg!
Talvez as planícies Valverde devessem receber o título de “As Planícies da Esperança” depois desse de tal acontecimento.
FIM

Nenhum comentário:

Postar um comentário